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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Biografia de Augusto Gil


Augusto César Ferreira Gil nasceu em 1873 e faleceu em 1929 em Lisboa. Estudou na Guarda e tirou o curso de Direito na Universidade de Coimbra.
Em muitos dos seus poemas fala das paisagens da região da sua infância, a beira.
Depois de formar-se, começou a sua profissão de advogado em Lisboa, tornando-se mais tarde director-geral das Belas-Artes.
Nos seus poemas notam-se influências do Parnasianismo(1) e do Simbolismo.(2)

Augusto Gil escreveu as seguintes obras poéticas: Musa Cérula (1894), Versos (1898), Luar de Janeiro (1909), O Canto da Cigarra (1910), Sombra de Fumo (1915), O Craveiro da Janela (1920), Avena Rústica (1927) e Rosas desta Manhã (1930). Crónicas: Gente de Palmo e Meio (1913).

O seu poema mais conhecido é a "Balada da Neve" que podem ler clicando aqui.


(1) Parnasianismo – Movimento literário que se originou na França, em Paris, representou na poesia o espírito positivista e científico da época, surgindo no século XIX em oposição ao romantismo.
Nasceu com a publicação de uma série de poesias. O seu nome vem do Monte Parnaso, a montanha que, na mitologia grega era consagrada a Apolo e às musas, uma vez que os seus autores procuravam recuperar os valores estéticos da Antiguidade Clássica.
Havia uma grande preocupação com a forma que se dava aos poemas, com rimas ricas em forma de sonetos, duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos, sendo. a "chave" do texto colocada no último verso.
. Os assuntos preferidos deste período são os factos históricos, objectos e a descrição de paisagens.

(2)Simbolismo - A partir de 1890, começou a ultrapassar o Parnasianismo. O simbolismo é um movimento literário surgido também em França, que se opõe ao Realismo, já que o poeta fala de si próprio, do seu eu, do sonho e do espiritualismo das religiões orientais.

Sites consultados:
Trabalho realizado por:

Susana Mestre nº24 e Sara Martins nº23 - 5ºD

Balada da Neve - Augusto Gil

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
. Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…

E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.

Augusto Gil